sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aventura em Kolar

Chegámos a Kolar, uma zona nos arredores de Bangalore, no sul da província de Karnataka. O objectivo era fazermos trekking, o que para nós significava algo como andar de um lado para o outro por zonas rurais. Ainda certos de que era isto que íamos fazer, andávamos alegremente pela área, observando os habitantes e o cenário. Aqui temos uma aldeia muçulmana, isolada do mundo exterior, e onde se vive em casas esculpidas na rocha... É o sossego.
Perto dali, uma pastora de cabras, esta já hindú, sai da sua aldeia e leva os bichinhos para pastar. Os filhos seguem-na, autênticas crianças dos campos, tão pouco habituadas a pessoas de fora que se escondem atrás do colorido sari mãe assim que nos vêem.
Pouco depois apercebemo-nos da magnitude da aventura. O objectivo afinal era andar a escalar rochas do tamanho de pequenos prédios, passando por fissuras que pareciam não ter fim, e tudo com a ajuda de... nada! Ou como dizia o guia: "Vocês têm o vosso corpo, para quê material de escalada? Confiem nas vossas pernas, vá!" E nós lá fomos, doze bichos citadinos, já de si pouco habituados ao mato, e absolutamente desconhecedores de algo que se assemelhe ao que, pelos vistos, chamam de trekking.
Aqui estamos já cansados, assustados e esfolados (mais um cicatriz para a minha maravilhosa colecção), mas ainda a escalar. Reparem na parte de cima da foto: o Carlos (de amarelo) e a Dânia (de branco) ainda vêm a descer a parede de pedregulhos. Cá em baixo está o Pedro, eu, a Ana e o Burras, a tentar fingir que fazemos aquilo tudo nas calmas, enquanto posamos para a foto.

Super-Mariana, em pleno voo, a saltar (com a ajuda do Dev - o guia- e o Burras) uma das tais fissuras intermináveis e assustadoras com que nos deparávamos a cada passo. Houve pessoal a tremer que nem varas verdes, a suar em feio e a jurar p'ra nunca mais, já com a lagriminha no canto do olho... That's when we separate the boys from the men...
O grupinho maravilha tinha acabado a primeira fase da escalada, e estava pronto para acabar a aventura, e por isso tirava a foto da praxe, aquela que diz "Ufa, finalmente acabámos", mas claro que aquilo ainda estava mal a começar. De cima pra baixo e começando pelo amarelinho: Carlos, Dani, Joana, Ana, Mariana, Burras, Pedro V, Pedro C, Khristina, Diana, Cristina, João, Dânia e Raquel.

Eu estava nas sete quintas, a adorar cada momento daquilo, a saborear cada a ataque de pânico e a tirar uma fotografia mental de cada rocha que me esfolou o cotovelo. Amei a sensação de liberdade e adrenalina, e repetia a experiência todos os fins-de-semana, se pudesse. E ainda ajudei todas as raparigas e um dos rapazes a atravessar as zonas mais complicadas... Cause I'm a Wo-man...



Acabada a aventura geológica, começa a aventura social. De volta ao autocarro que nos levaria a casa, passámos por mais umas quantas zonas rurais, cujas cores e cheiros nos encantaram, como sempre. Primeiro fomos acolhidos por um agricultor que nos ofereceu feijão verde acabado de colher, e que se comeu cru, na falta de sítio pra cozinhar, e não querendo insultar o senhor...e não é que sabia muito bem?
Logo depois vimos um poço movido a força de bois e que dava água à aldeia inteira... Ainda se vêem coisas destas neste continente.
De volta à aldeia muçulmana. Uma das casas, simples, básicas, sem água corrente nem electricidade e copletamente dominada pelos macacos ( que são uma praga parecia à das osgas no Algarve), impressiona qualquer pessoa com o lindíssimo mural numa das paredes, enquanto logo à frente uma senhora vai ao tanque comum recolher água com que depois cozinha o almoço.

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