domingo, 20 de setembro de 2009

Delhi sucks!

Como calculo que já saibam, odiei Delhi e nunca mais espero ter de voltar. No entanto, tudo tem o seu lado positivo, e no caso da capital, esse lado estava na comida, nos nossos amigos delhiites, e no único monumento que acabámos por ver, o Parlamento.


Eu e a Ana (perdão, Filipa) descobrimos os nossos dois pratos favoritos no quarto do hotel: Shahi Panner (uma espécie de tofu com molho cremoso) e Dhal Makhani (lentilhas com caril). Reparem no ar deliciado.

O Parlamento ao pôr-do-sol, numa imagem tão tipicamente indiana.


Palmas para a rainha do dia, mais uma vez. Viva a comida indianaaaa!!

Eu e o Aj uma tasca de comida do Norte da Índia.
Eu a tentar ver as horas no relógio do Aanjaney. E pronto, isto é o que interessa de Delhi para mim.

Rishikesh...again!

Rishikesh foi das cidades que mais gostei na Índia, e depois de publicar o blogue anterior, achei que ainda sabia a pouco, e decidi postar mais umas fotos. E digam lá que não é lindo?
Não resisti, hehe...

Aqui temos o alemão, Andy, na mais plena pose budista, cercado pela natureza.

O resto do gangue de Rishikesh: de pé está o Aya (Israel) e o Yanis (Alemanha). Sentados estão o Andy (Al.), e a Yael e a Aya (Is.). Entre as israelitas e alemães, podem imaginar o tipo de conversa que ouvimos. O melhor de tudo foi quando o Yanis, alemão, atirou a Yael, israelita, para dentro de água pela vigésima vez, e ela sai-se com esta tirada hilariante: "Sim, é isso, mata o judeu!"---ninguém conseguia parar de rir!

O Yanis armado em homem voador. O puto era maluco.

Mais uma vista estonteante das cataratas...

...que até tinham uma infraestrutura bastante respeitável para um local tão remoto!


Esta era a vista do telhado do nosso hotel, até não nos tratámos mal... Principalmente por 75 cêntimos cada uma!!!!

Rishikesh


Finalmente encontrei um hotel com internet (na Malásia...), e como estou em falta, aqui ficam algumas pics de Rishikesh:

Banhado pelo rio Ganges, Rishikesh é um sítio abençoado pelas suas águas, e pelas belas praias fluviais que povoam uma das margens do rio.

Conhecemos várias pessoas maravilhosas em Rishikesh, e entre elas estavam o Joss e o Leroy, de Inglaterra, que nos mostraram a cidade e que estavam connosco quando conhecemos este saddhu, com quem passámos a tarde a fumar e a conversar numa das praias.
Não há dois sem três, e com o Joss e o Leroy andava sempre o Stevie. Cá está esse australiano maluco (como se não fossem todos...), que decidiu que deixar um indiano limpar-lhe o canal auditivo no meio da praia era uma ideia perfeitamente aceitável- reparem no pormenor da caixinha de trabalho do menino: "Best ear cleaning", ou "A melhor limpeza de ouvidos".

A Ana e o saddhu, que era absolutamente adorável--- e minúsculo!

Uma típica cena de preparação para a entrada no Ganges.

Pelos ponteiros do relógio: Stevie, Leroy, Joss, Ana e yours truly.


Poucos quilómetros a norte de Rishikesh enconcontrámos cataratas lindas, perdidas no meio de um monte. Claro que não resistimos a um mergulhinho...

O caminho para as cascatas era íngreme e abandonado, mas felizmente tínhamos os rapazes para acompanhar as damas nas caminhada. A verdade é que provavelmente não poderíamos ter ido sozinhas... Thanks, boys!

A cidade de Rishikesh ainda se mantém fiel às origens, como podemos ver por este barbearia das antigas, no pequeno centro.
O Ganges banha a cidade, que foi crescendo de ambos os lados do rio, e é nos seus ghats que os hindus se banham para purificar o corpo e a alma.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dificuldades de comunicação...

A todos os interessados e desinteressados...
Não tenho acesso à internet há 250 anos, como já devem ter reparado - se é que alguém repara, ainda, nesta coisa - e é devido a esse facto que o meu blog se tem encontrado virtualmente morto. Lamentavelmente, calha mal, pois é nesta altura que ele devia estar vivo, vivíssimo, vivérrimo, alive and kicking, tal como a minha vida. Estou, de momento, em Goa, onde encontrei um sinal fraco e intermitente de internet que não me permite a colocação de fotos, portanto levarão vossas excelências com um relato mais insípido (ou pelo menos não tão visual) das seis partes constituintes do que têm sido os últimos 20 dias:

PARTE I - RISHIKESH
Chegámos a Rishikesh, no Norte, e pasmámos. É uma cidade minúscula, mas uma das cidades sagradas da Índia. Banhada pelo rio Ganges, alberga milhares de peregrinos e viajantes do mundo espiritual. Entre aulas de yoga e meditação deixámo-nos relaxar em praias fluviais e cataratas alucinantes onde mergulhámos em águas frescas e cristalinas num cenário tão idílico que nem vou tentar descrever; apanhámos também o Ganesh Chaturthi (o festival do deus elefante), uma das alturas mais importantes do calendário hindu. Aproveitámos para abençoar vários objectos no Ganges, entre indianos e indianas que se banhavam neste rio sagrado, e partilhámos com eles o ritual de atirar uma pequena imagem de Ganesh para o Ganga, na esperança que o deus “removedor” dos obstáculos leve com ele e com as correntes do rio todas as nossas dificuldades. E porque todas as bênçãos são bem-vindas, aproveitámos também para pedir pela deslocação de qualquer incómodo da vida dos nossos amigos e família. (Tudo de bom, pessoaaaaallll!)

PARTE II - NOVA DELHI
Oh-meu-Deeeeus!!! Odeio, detesto, abomino, desprezo esta cidade, Delhi é um nojo!!! É a coisa mais feia, porca e suja já parida por este mundo infecto. Lixou-me o alinhamento dos chakras todo, e nunca mais cá ponho os pés. E tenho dito.

PARTE III - AGRA
Depois da tempestade chega a bonança, e esta veio em forma de castelo de sonhos encantados das mil e uma noites. Entrámos numa cidadezinha, igual a qualquer outra, cheia de condutores de tuktuk e vendedores ambulantes, e começámos a andar pelas ruazinhas cor de tijolo, a conversar, tranquilamente, quando... (devo admitir que estava à espera de menos, fala-se tanto sobre isto que já se tornou um cliché e estava à espera que tivesse pouco impacto) …quando vimos, brilhando ao Sol do meio-dia, branco e cor-de-rosa como um grande bolo de casamento, o Taj Mahal. É, sem sombra de dúvida, uma das coisas mais impressionantes e bonitas que já vi. Os detalhes, os jardins, as paredes incrustadas com jóias semipreciosas, as cúpulas... É de tirar o fôlego. Tal e qual um desenho ou um postal, é uma realidade tão inesperada que parece que não o estamos realmente a ver; parece que estamos a ver o tal desenho ou postal, aquele que já vimos milhões de vezes e que nos deixou a imagem do Taj tão fortemente imprimida na mente que quase o poderíamos desenhar de memória---mas não há memória, desenho ou postal que transmita a força e a beleza estarrecedora deste atordoante monumento de amor.

PARTE IV - JAIPUR
Jaipur é uma cidade do Rajastão (um dos estados de deserto da Índia) que é feia, suja e cheia de gente, tal como Delhi. A diferença é que a cidade é toda rosada, o que muda o visual, claro. Uma cidade feia torna-se bonita quando é cor-de-rosa, até os homens das cavernas sabiam disto, e Jaipur não é excepção. Principalmente porque tem o pôr-do-sol mais bonito de sempre, que se encarrega de dar um tom alaranjado às tais casinhas (e templos) rosinhas. Mas o melhor de Jaipur foi termos decidido entrar num templo perdido e obscuro, que qualquer pessoa com dois dedos de testa teria evitado. E digo isto porquê? Porque, para não faltar à regra, é nestes riscos calculados que está a beleza deste país e desta gente, e porque mandar o medo ir dar uma volta era um dos meus objectivos nesta viagem. Assim, entrámos no templo, onde estava a decorrer uma pequena cerimónia com cinco velhotes tocando instrumentos. Claro que nos afiambrámos logo à escadaria mais próxima e ficámos a ouvi-los tocar com um ar tão encantado que eles convidaram-nos para tocar com eles. E nós lá fomos, de estrelas nos olhos e música sagrada no coração, sentarmo-nos entre os sábios os templo e com eles tocar e cantar, numa das experiências mais inesquecíveis de sempre. Sitaram, sitaram, sitaram...

PARTE V- PUSHKAR
Pushkar é outra das cidades sagradas da Índia, e os hindus acreditam que nasceu de uma flor de lótus que caiu no deserto das mãos de Brahman, o deus que criou o universo. Quando essa flor tocou o solo, dela começou a brotar água, dando origem ao lago (e mais tarde à cidade) de Pushkar. Além disso, foi aqui que depositaram as cinzas de Gandhi e de Nehru, em dois ghats (escadarias sagradas que dão acesso à agua) mais tarde baptizados com os seus nomes, o que faz disto também um sítio histórico. E mais do que isso: foi onde a Daniela Mira recebeu a sua primeira pooja (bênção hindu), com água sagrada, feita por um verdadeiro homem santo do hinduísmo (um dos muitos da cidade, entenda-se), o que faz da cidade um sítio intemporal, hehe (“presunção e água benta, cada um toma a que quer”, por isso não me chateiem, meus amores). Além disso, levei dois miúdos de rua a almoçar, e um deles nunca tinha sequer experimentado batatas fritas! Acho que toda a injustiça do mundo está no olhar de uma criança que nunca teve a oportunidade de comer batatas fritas - mas toda essa injustiça é engolida pelo seu sorriso quando as prova pela primeira vez... E ainda ganhei uma pulseirinha cor-de-rosa dos meus meninos de couro curtido… No último dia decidimos subir para um camelo e ir acampar no deserto. Só víamos estrelas e as silhuetas dos guias e de alguns habitantes do deserto, e o silêncio só era cortado pelos traques dos camelos. Pois. Mas foi outra experiência maravilhosa.

PARTE VI - GOA
De Goa já falei, mas como desta vez fomos para uma cidade (e praia) diferentes, vou dizer só isto: Nunca vi tanta gente frita da cabeça junta. Há os putos europeus que andam p'raqui armados em freaks com o ar mais destruído de sempre; há os quarentões solteirões, que andam a tentar encontrar-se e que acham que sabem quem são, mas andam mais perdidos que os putos europeus; há as mães solteiras que vieram viver para Goa com os seus filhos pequeninos e vivem de vender a sua arte (pinturas, fotos, esculturas...) e de beber e comer bem; há os sobreviventes dos anos 60 que decidiram começar a envelhecer graciosamente neste pequeno paraíso... Em suma: Arambol é o sítio para onde o movimento hippie veio para morrer--- ou melhor para ir desvanecendo-se, entre um e outro bafo de canhão e um ou dois goles de um bhang lassi.

Fiéis

Sábios do templo