quarta-feira, 22 de julho de 2009

Bangalore stills

Cem pontos para quem adivinhar o que isto é! Não chegam lá? São relógios à prova de água, loooool!!! Acho que é uma boa técnica de marketing:
- Ó Sr. Vendedor, e posso confiar nessa história dos relógios serem à prova de água? Não me está a querer enganar?
- De todo, freguesa, é à confiança! Então não os vê ali, submergidos como peixinhos? E se levar dois ainda lhe faço um desconto...
loooool!!!

Aqui têm o templo de Nandi, o deus touro. Achei o máximo encontrar estes cornos enormes à entrada do templo. Lá dentro, um monumento monolítico de Nandi, com cerca de 4 metros de altura! A lenda diz que o ídolo tem crescido com o passar do tempo!!!

Encontrámos um Hard Rock Cafe, como não podia deixar de ser, numa cidade tão cosmopolita quanto Bangalore. Tinha montes de coisas dos Beatles, e cá estou eu, embevecidíssima, a tirar uma foto do casaco do meu menino preferido...
A sexualidade é um assunto muito contraditório por estas bandas. Por um lado há uma tendência radical para esconder qualquer sinal de actividade sexual, e até ter um pouco de pele à mostra é considerado tabu. Por outro lado, a homossexualidade foi descriminalizada no mês passado (até então era ilegal ser gay na Índia!), e se há uma coisa comum é ver homens-mulher pelas ruas. Aqui têm um deles... Tal é a variedade por aqui!
Eis uma escultura de Ghandi em terracota em Cubbon Park. Não há deus hindu que seja tão adorado e respeitado como este senhor, e com razão, claro.

O trânsito é de doidos, e já vi mais que um condutor atrás do volante com uma garrafinha de whisky. Calculo, portanto, que os acidentes causados pelo álcool sejam muitos, o que exige alguma criatividade nas campanhas contra a condução embriagada. Pelo que percebi é comum pegarem em carros destruídos em acidentes e colocarem-nos em sítios estratégicos da cidade.
"O meu condutor ia bêbado." Comigo funciona, deviam adoptar esta táctica em Portugal.
Não dá p'ra resistir a estes olhos!

No dancing, no drinking

Um dos maiores choques que sofremos em Bangalore foi saber que não é permitido dançar... Isso mesmo, é ilegal abanar as ancas nesta cidade!!! O choque foi imenso, e parecia insuperável, mas claro que a necessidade de bailar foi mais forte, e lá foram os tugas todos, em filinha e cheios de pica, procurar algum sítio onde esta bela lei não se aplicasse. E assim, chegámos ao Cirrus, bar-maravilha, na rua da festa, a 100ft road, onde se pode dançaaaar!! (Só até às 23h30, claro)

Podem ver os primeiros criminosos na foto acima: Taró e Burras, no maior estilo, a abanar o capacete, para prazer das damas... Ah, e já agora: eles fazem mais sucesso do que nós! Isto porque os indianos, além de serem quase todos menores do que nós e por isso terem perfeita noção que os virávamos ao contrário com uma chapada, também têm medo de se aproximarem. Já as indianas...Jesus! Dizem que eles são parecidos com o Beckham, com o Cristiano Ronaldo ( sim, ele é bastante conhecido por estes lados do mundo), e atiram-se a eles de cara podre... Tanto que o Taró já desapareceu por uma noite inteira, tendo sido levado pelo caminho da perdição kamamsutriana... just kidding!

Onde se dança também se bebe e se fuma, por isso cá estamos nós, a aproveitar os prazeres mundanos uns com os outros... I get by with a little help from my friends.

Claro que não íamos deixar as indianas roubarem-nos os tugas, por isso cá estamos nós, a siderar com a bundinha do Burras, que mexia e remexia ao som do Ricky Martin! - o Burras já é uma das gajas, tal como o Taró, o que nos permite alguma liberdades de manas, sempre na mais pura inocência, claro. Até porque gajos no grupo são manos!!




Entretanto, já podemos dizer que sabemos como uma celebridade se deve sentir, sempre com alguém a olhar para ela, a tirar fotos, a querer tocar-lhe... Claro que quando os clientes são educadinhos, a gente até lhes faz a vontade, e cá estão as meninas, rodeadas de paparazzi indianos, todos contentes por terem uma fotografia com as brancas para porem no blog... E eu aproveito, pela mesma razão. Say cheese...


No fim da noite chega a larica, e ficamos com saudades de Portugal, mas como a casa é pequena, tentamos satisfazer todas essas necessidades ao mesmo tempo e no mesmo local! Dá-lhe Ana... perdão, Filipa!!!


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Basílica do Bom Jesus (Goa antiga)




A Basílica do Bom Jesus é outra prova da infuência católica na Índia, e levanta-se imponente, no meio de Goa antiga. É nela que está o túmulo de São Francisco Xavier, um dos famosos milagres confirmados pela Igreja Católica. São Francisco foi pupilo de São Inácio de Loyola, e criador da ordem dos Jesuítas. Morreu no século XVI, e o seu corpo ficou na Índia. Trinta anos depois, foi decidido que seria levado para Lisboa, mas quando abriram o caixão, o corpo permanecia inalterado, como se a morte tivesse ocorrido no dia anterior. Era um milagre! Foi então levado para Goa, onde acabou por ser colocado num túmulo fechado, que só é exposto uma vez a cada dez anos. Isto porque eram cada vez mais os fiéis que desejavam a bênção de uma relíquia santa, e por isso começaram a retirar partes do corpo de São Francisco. O episódio final, que levou à decisão de retirar o corpo de exposição, teve lugar já no século XVIII, quando uma indiana católica arrancou um dedo do pé do Santo à dentada (visível na imagem). Sempre houve fanáticos, em todas as religiões...

Goa Antiga, a dos conquistadores

Como puderam ver nos posts anteriores, nós gostamos muito de tirar fotografias aos locals, pois achamo-los bonitos, interessantes e exóticos. O mesmo se aplica a nós. Os indianos ficam fascinados com os ocidentais, e pedem-nos para tirar fotografias com eles sempre que podem. E nós acedemos sempre, à excepção das poucas vezes em que homens manhosos se aproximaram com sorrisos sebosos a pedir fotos com as meninas.


Uma das coisas mais fascinantes da Índia, e particularmente de Goa, é a coexistência pacífica dos vários cultos. Ao contrário da maior parte das religiões, o hindísmo é abrangente e inclusivo, e aceita os profetas das outras religiões como manifestações dos seus próprios deuses. Aqui temos um exemplo flagrante. Estava a chover lá fora, e uma senhora aproximou-se a oferecer-nos a sua casa como abrigo. Pássamos lá quase uma hora, a brincar com as crianças e a observar cada canto e recanto da casa. Na sala de estar, no centro da parede, estavam estas duas imagens: Jesus Cristo de um lado, e o Senhor Shiva do outro. Reparem na semelhança de posições, principalmente a colocação das mãos! É o que já se sabe: religiões à parte, a base da espiritualidade humana é sempre a mesma, seja qual for o nome que se dá a Deus.



A imponência das árvores centenárias é um dos cenários mais recorrentes de Goa, uma província extremamente verde.


As crianças indianas são absolutamente irresistíveis, com os seus olhos enormes, curiosos e doces. Fascinados pelos ocidentais, adoram posar para as nossas fotos, que depois pedem para ver. Entre sorrisos e risinhos contagiantes, vêem a própria cara no ecrã, e voltam a colocar-se em pose, à espera do próximo flash.

Aqui sentimos a presença conquistadora de Portugal como em mais nenhum sítio. A experiência em Goa foi bastante diferente das outras colónias, e o trauma da colonização parece não existir neste pequeno pedaço de paraíso. Assim, não temos como não sentir orgulho naquilo que deixámos para trás. Além disso, é como estar num filme, e se fecharmos os olhos aos indianos que passam, já vestidos com roupas turísticas e ocidentais, podemos imaginar os conquistadores da Índia, desbravando a terra dos deuses selvagens.



Água de coco para refrescar, que o calor é abrasador e a humidade até dificulta a respiração. É de morrer de calor até na sombra, e ainda estamos no Inverno!


Paraíso em Palolem

Na caminho de volta para Bangalore parámos na praia de Palolem, que é um verdadeiro paraíso. Tem tudo que se espera de uma praia na Índia: areia clara, água quente, conchas belíssimas, e claro, vacas e muitos cães. Felizmente, há poucos turistas em Goa na altura das monções, por isso cá estão os putos, todos contentes, praticamente sozinhos naquele areal interminável.

Os cães tomam conta da praia, divididos em matilhas com territórios perfeitamente definidos. O grupo mais forte adoptou-nos imediatamente como parte da matilha, e seguia-nos para todo o lado. Aqui temos um deles, que magro e esfomeado, tenta aproveitar a pouca comida que há, e come os restos de uma baleia que veio dar à costa. Reparem no tamanho do osso, coberto por restos de carne putrefacta. Sweet, sweet India...


O paraíso é em Palolem!


Estávamos em explorações na praia, andando para cá e para lá, até que chegámos a uma zona onde um braço de mar impedia a passagem para os montes que circundam a praia. O macho alfa, cão chefe da matilha, entrou imediatamente na água, para mostrar que a barreira era transponível. Ficou parado, dentro d'água, a olhar para nós, e quando viu que não o seguíamos, voltou para a areia, para tomar conta dos mais recentes membros da sua comunidade. E já latia a quem se aproximava!


Viva Panjim, capital de Goa

Chegámos a Panjim, capital de Goa, onde tudo tem uma inegável energia portuguesa. Acima podem ver a Igreja da Imaculada Concepção, que me fez lembrar o Bom Jesus de Braga, e que tem imagens de santos católicos com ar indiano, o que é delicioso.

Outra particularidade é a quantidade de ruas, pracetas, bares e restaurantes com nomes e descrições em português.


A Dânia, um dos elementos do nosso fantástico grupo, tem sangue goês e decidiu visitar a casa onde o pai nasceu. Ei-la aqui (à direita), com a Ana, numa ruela perto da zona do pai, a Rua de Natal, no Bairro das Fontainhas.


A Casa Rocha é o domicílio de uma família descendente de portugueses, que ostenta orgulhosamente a bandeira daquele que ainda consideram como o seu país de origem.




Aqui estamos com o Sr. Rafael Pereira, e a mulher, donos do restaurante Viva Panjim!, onde ouvimos Marco Paulo e falámos português. Ficaram encantadíssimo por conhecer-nos, em particular ele, que teve oportunidade de praticar o português. Convidou-nos para ir a sua casa, onde nos ofereceu manga e maçã, e nos falou dos tempos em que Goa ainda era Portugal. Segundo ele, as coisas eram melhores nessa altura, e é com orgulho que exclama: "Não sou indiano, sou goês. A minha mulher é que é da Índia!"



Mais uma foto da Igreja Matriz de Panjim, branca e azul, lindíssima na lusco-fusco do entardecer.



Do outro lado da cidade, contrastando com os monumentos católico, temos o Templo de Hanuman, o Deus Macaco. Ele representa a força mental contida num corpo humano. Enquanto a mente se mantiver sob o domínio das paixões e instintos animais, não passa de uma força instável e algo malévola, causando vários distúrbios ao universo individual. Mas uma vez que a mente se renda à alma e a Deus, será capaz de feitos milagrosos e fantásticos. É a Hanuman que os hindus oram para conseguirem viver longe da luxúria e das tentações terrenas, e mais perto do reino de Deus.


Por ordem: Ana, Joana, Dânia, Vinod (o nosso motorista em Goa, carinhosamente apelidado de Pinote, e claramente intimidado por ter tantas mulheres em cima), euzinha, a Sofia (aka Crazy Bitch) e a Cristina.

Holy Cow!

Como calculo que já saibam, o Índia é um país onde as vacas são sagradas. Isso significa que andam por onde quiserem, quando quiserem. Além disso, deitam-se onde quiserem, e cagam onde quiserem! Podem ver algumas delas acima, em Panjim, confortavelmente estendidas, como dito, onde bem lhes apetece.



Claro que a praia não é uma excepção à regra, e aqui têm a Mimosa, a aproveitar o Sol e a areia, enquanto curte as férias!




Depois há ainda as vacas-surpresa. Essas são as que aparecem saídas de lado nenhum. Onde antes não havia nada, ouve-se um Alakazam, e eis uma vaca. Saem debaixo das pedras...




Por fim, um exemplo animado do à-vontade com que elas se movem neste país de particularidades.


Divine mother India







A Índia é um país no feminino. Os homens são como são, alguns simpáticos, outros assustadores, outros intimidantes. Mas as mulheres... as mulheres são a Índia. É nelas que está a cor, a doçura, a divindidade e o mistério da Índia. São mulheres sofredoras, isso está escrito na cara enrugada muito além dos anos, e nos olhos, profundos e sofridos. De tudo que a Índia tem de acolhedor, as mulheres são a epítome. É nelas que nos refugiamos, principalmente as raparigas, quando nos sentimos inseguras ou quando somos assediadas na rua. São elas que nos abrem a porta de casa, a nós, ocidentais desconhecidos, quando a chuva bate lá fora. São elas que nos oferecem flores, chá, manga, só porque sim. É nelas que está o espírito da Índia, e é por causa delas que este é um país onde me sinto tão orgulhosa de ser mulher, e de ter em mim o espírito feminino de Lakshmi, Durva, Parvati e Kali, que na sua variedade, representam a pluralidade do espírito da Mulher. Sim, porque a Índia é mulher.

O Oceano Índico está vivo em Calangute


Chegados a Goa, ficámos na praia de Calangute. Local turístico, está vazio nesta altura do ano, por causa das monções. Ficámos no hotel "Camarão", onde pagámos 200 rupias por noite (cerca de 3 euros) para dormir em bungalows de palha e argila, a cem metros da praia. Hey Lost Lovers, digam lá que a primeira foto não faz lembrar a cabana do Jakob? Dá pra fazer uns belos filmes quando estamos sozinhos, sem alma viva por perto, numa praia deserta, a ver uma cabana destas... Claro que eu comecei logo a sonhar com o Sawyer e com o Sayid...Huum!





A praia de Calangute é lindíssima, mas como toda a Índia, choca pela falta de limpeza. É tudo muitíssimo sujo. Basta entrar na água p'ra levar com um saco plástico na tromba e um pedaço de papel no braço. Mas isso não impede nada, e lá fomos nós, a meio da noite, banhar-nos no Oceano Índico, com a sua água a 30º, enquanto levávamos com as chuvas das monções. Ao mesmo tempo, o céu era rompido por relâmpagos, e o som ensurdecedor da dita chuva completava o cenário idílico. Posso dizer que foi a experiência mais Zen da minha vida. Nas fotos podem ver, por ordem, os cinco da vida airada, na praia à noite, prestes a entrar no mar (Taró, eu, Dânia, Ana e Sofia); a segunda imagem é uma máscara de Kali que encontrámos perdida e meio partida na areia; a terceira imagem sou eu e a Ana a curtir o ambiente da praia de Calangute.




quarta-feira, 8 de julho de 2009

Tuktuk



Hoje batemos o recorde!! Cinco pessoas dentro de um Tuktuk!! (não consegui tirar fotos dessa fantástica ocasião pois é difícil pensar em fotos quando a vida nos passa à frente dos olhos, mas podem ver mais ou menos o tamanho dos famosos riquexós -AKA autos, vulgo Tuktuks - na foto ao lado)



As negociações com os rapazes dos Tuktuk são sempre interessantes! Assim que falamos com um, aparecerem 500, todos a falar ao mesmo tempo "Here, madam, follow me." Cada um oferece um preço melhor. Hoje éramos cinco, e eles queriam receber 200 rupias por dois tuktuks, e nós decidimos ignorá-los. Começámos a andar, e 100 metros à frente, o nosso caminho foi cortado por um desvairado condutor de Tukutuk que nos ofereceu 150 rupias para levar os cincos. E nós lá fomos, cinco pessoas apertadérrimas num riquexó feito para dois, enquanto o condutor passava mesmo à frente dos outros 500 condutores, pra mostrar o prémio, nós!! E isso tudo enquanto um pequeno projecto de gente vestido num sari que mais parecia roupinha de boneca, nos observava...

Fiéis

Sábios do templo